Monday, December 04, 2006

Lx Taxi

Tenho a dizer que só em Lisboa temos a verdadeira noção do que é um taxi.
Factores de conjuro divino (falta de passe da carris, 10 dias úteis (!) para entregar um novo, Viva! - como não saudar a eficácia do funcionalismo público?!) conspiraram para que estas duas semanas que passaram andasse mais do que o costume de táxi. Sim, sim, gosto muito.
Ora como eu estava a diatribar (Ai Zé Manel, as coisas que me fazes dizer, caramba, o amor por uma mulher leva-nos à loucura, que autêntico disparate!...), o encanto que não é andar a passarinhar por Lisboa táxi dentro! Feita mafarrica!
É que temos um apanhado global, percebem? Ficamos a ver claramente como todos os outros condutores em Lisboa conduzem mal. ("É maluco, o raio do velho! A menina não se ofenda, não?"). Passamos a conhecer intimamente vocabulário com que nunca sonhámos ("tenha juízo, sirigaito..."), manobras altamente perigosas ("Agora estas três faixinhas, não é verdade?"), insultos e comentários vários à condução feminina ("A menina não se ofenda, não?"), pseudo-piadinhas ("Para o hospital? Não é preciso ir a correr, não?"). Lições de Matemática também são comuns ("Então deu-me dez, era seis e sessenta, eu dei-lhe três..."), talvez as minhas preferidas.
De vez em quando o panorama altera-se. Comigo não falam de futebol, não, Deus nos livre e guarde de falar de futebol com uma menina. Não se preocupem que aqui a menina não se ofende. Por isso regredimos no panorama histórico e temos uma valente história de Economia Portuguesa ("que isto o que faltava aqui era outro Salazar!").
Santa mãezinha, fazia cá falta o trolha o Salazar, fazia. Maldita liberdade de expressão, caramba. O pior é que os taxistas gozam-na até ao último minuto. Uma pessoa nem pode ir incógnita, à Lemos, a decorar matrículas... não há direito!
E se eu disser, prometer e jurar que todas as frases entre parentesis são autênticas, verdadeiras e tiradas de momentos de convívio com taxistas?
"Então tenha um bom dia, sim?"

7 comments:

Isabel Paixão said...

Todos nós gostavamos de ser como o Lemos =p Mas não te aflijas amiga, um dia os taxistas machistas, fascistas, misóginos, broncos, sportinguistas (heheheh), etc, desaparecem da face da Terra!

Anonymous said...

Por isso é que eu ando de carro (e sou so Benfica, não era eu que conduzia um taxi verde e preto, ou amarelo e verde, notam o padrao cor-de-lagarto?) mas quem anda comigo de carro por vezes tambe se sujeita a que eu interrompa uma conversa com algum comentario sobre os outros condutores... é inevitável, tá nos genes (e nao só naquele Y de Roux)

Anonymous said...

ah e já agora, que posso, um beijinho à minha taxista preferida, Zé Manel!!! que ainda nem tem a carta, mas me conduz a sitios paradisiacos ;)

Anonymous said...

Minha cara Akasha:

Nestas linhas se exprime um seu grande admirador no que toca ao corte-e-costura que redige de forma tão parcimonial e, no fundo, bela em toda a sua revolta. Contudo, venho deixar uma pequena crítica.

O termo "taxista", a maneira bonita de na nossa gíria dizer "fogareiro", está claramente mal aplicado, visto que o mesmo reflecte o nobilíssimo ofício (não jurídico) do fabrico do dito cujo do veículo de transporte de passageiros. Assim, todo este post versa acerca de MOTORISTAS DE TÁXI, como se designa essa "especial" classe trabalhadora nesse documento oficial (embora muitas vezes oficioso) que é a licença de condução de veículo comercial. Há que almejar e sempre atentar na precisão das nossas palavras...

Akasha said...

Epah estes leguminosos que vêm para aqui comentar aos parzinhos...

. said...

LOL! É tudo bem verdade... e eu que o diga!

Isabel Paixão said...

E mais produção literária sora dona Akasha? Sor Lemos? Restantes culpados-deste-blog-que-só-diz-parvoice? Ai mau maria.... ****